quinta-feira, 28 de julho de 2011

Capítulo IV - As percepções da alma feminina

Na noite anterior da estória, Mandel conhecera Claraluz numa sala de bate papo pela internet. Da sala de bate papo, deslocaram-se para o Messenger, e a intensidade romântica e poética daquela conversa fora tão arrebatadora, e o entrosamento tão instantâneo, que uma forte e irresistível paixão brotou no coração do poeta-sociólogo mineiro, morador da histórica cidade de Sabará, e no coração da pediatra carioca, moradora do elegante e clássico Leblon. Entretanto, eles carregavam histórias pessoais construídas antes de se conhecerem. Enquanto Claraluz era noiva de um também médico endocrinologista, Paulo Barretto, Mandel, além de ser namorado da psicóloga Esther, mantinha uma relação semi-clandestina e informal com Janaína, uma mulher de pele morena, de 20 anos de idade, esculturalmente bela, carismática e dotada de uma aguçada inteligência intelectual e emocional.

E naquela manhã de sábado, Janaina fora a casa de Mandel, e lá tiveram mais um encontro. Janaina não se conflitava com Esther, mesmo que ela não soubesse desta condição de amante. Naquele dia, porém, a sua intuição batera-lhe a porta entregando-lhe um forte sinal amarelo. A revelação desta intuição naquele ambiente feromônico abriu a caixa de surpresas que emergiu da alma de Mandel: a sua novíssima e inevitável paixão por Claraluz. Janaina, após o alerta ensurdecedor da sua intuição e da consequente conclusão de Mandel, sentira sua relação mortalmente golpeada.

A intuição revelada das profundezas psíquicas de Janaina realçou uma das grandes forças presentes na alma feminina. A intuição. A percepção do perigo que ronda sua oca, característica prensada e fincada antropologicamente desde o momento humano que estabeleceu a agricultura como forma de produção econômica, tornando o ser o humano sedentário, e sedimentando históricos e distintos papéis sociais da mulher e do homem na organização social, que se reproduziram no fio da história, até quase os dias de hoje.

Até quase, porque uma dos aspectos da revolução humana em curso é o desaparecimento dos papéis clássicos do homem e da mulher nos diversos arranjos sociais, desde a família até grandes sociedades multinacionais. Mas os aspectos mais profundos que marcam a alma feminina e a alma masculina permanecem intactos. A intuição é um peixe-correio, que traz mensagens criptografadas do fundo deste mar da psique humana até a  sua tona, donde são resgatadas e recolhidas pela consciência, a pele da alma feminina.

E a mensagem resgatada pela consciência de Janaina era implacável: a sua relação estava mortalmente golpeada. O sinal de alerta, sinal de vida da sua alma feminina acendeu ofuscando-a. Como diria minha querida Alice Okawara, inspiradíssima artista plástica, ilustradora de Claraluz e o Poeta, durante um encontro que prazerosamente tivemos há algumas horas (geograficamente, melhor explicando, porque virtualmente encontramo-nos todos os dias): o karma é a nossa história individual, uma história que já nos vem escrita. A história que apareceu diante dos olhos de Janaina não era a história dos seus sonhos. Era a história que, karmaticamente, estava reservada a ela.

Mauro Brandão



quinta-feira, 21 de julho de 2011

Capítulo III

As relações a distância são cada vez mais comuns, dominam cada vez mais os hábitos entre as pessoas, e estão cada vez mais misturando-se ao caldo da cultura mundial. As barreiras geográficas estão sendo quebradas, e por isso podemos acreditar que uma nova era humana está se instalando, permeando com a velha Era que chamamos de Idade Contemporânea, mas que deixará de ser contemporânea, pela acepção da palavra.

Claraluz e o Poeta é um romance que  mira nos comportamentos desta nova cultura, desta nova ordem mundial. A paixão de Claraluz por Mandel, e vice versa, é um dos casos típicos de demonstração desta cultura recém-instalada. A despeito de todos os riscos que podem acarretar um relacionamento virtual, as pessoas estão descobrindo que está mais fácil descobrir seus pares pela internet, pois através da rede mundial, as pessoas se aproximam por afinidade, e a escolha é mais fácil, ou seja, as pessoas só se aproximam se houver afinidades.

E a afinidade entre Claraluz e Mandel é percebida quase que instantaneamente. A poesia, tão escassa na vida de Claraluz, lhe é revelada por Mandel de forma arrebatadora. Claraluz percebe que sua "alma gêmea" se revelara, e seu entusiasmo era tão grande, que ela se rendeu sem resistências. O fogo da paixão acendera em Claraluz, e ela revela, com todo o fogo que a paixão proporciona, à sua amiga Regina, conselheira e braço direito, que estava apaixonada. Em menos de duas horas depois de ter conhecido Mandel, Claraluz se apaixonara. E neste capítulo III, uma demonstração desta paixão, nas palavras de Claraluz em conversa com sua amiga Regina.

Mauro Brandão.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Capítulo II

300 páginas...

A construção de Claraluz e o Poeta ultrapassou a marca das 300 páginas. A emoção de estar escrevendo os últimos capítulos é inenarrável. E esta emoção está sendo traduzida em palavras, fincadas em cada página deste romance que vai conquistar muitas mentes e corações. Esta certeza é fruto de várias experiências, e uma delas eu vou partilhar com vocês.

Outro dia, um colega de trabalho pediu para ler algumas páginas do livro. Emprestei meu netbook, e deixei que ele lesse à vontade. Em umas duas horas, ele leu 41 páginas, até o capítulo VII. Ele se surpreendeu com a história, apaixonou-se por ela, e me implorou para que eu mandasse os outros capítulos pro email. Eu disse que era para ele aguardar, porque outras pessoas também estavam na expectativa, e que o mais democrático seria se todos sentissem esta mesma expectativa juntos. E o que mais me surpreendeu foi ele ter dito que não tem o hábito da leitura.

Por isso, a minha expectativa é de que Claraluz e o Poeta seja um bom motivo também para que as pessoas adquiram o saudável e importante hábito de ler, pois quem lê amplia sua visão de mundo, das pessoas e de si mesmo.

E agora, um trecho do capítulo II. É ambientado no Messenger, numa conversa virtual entre Claraluz e Mandel, e é sequência do capítulo I, onde nossos personagens dão sequência à conversa iniciada numa sala de bate papo. Mais uma vez, procurei ambientar a conversa de acordo com os padrões usados pelos internautas. Os nomes vem na frente, como normalmente vem nas janelas dos vários Messengers (msn, yahoo, bol, etc).

Mauro Brandão
Vamos lá:
(...)

Claraluz: EU estava desequilibrada! Tô me sentindo livre, leve e solta agora. Tava precisando tanto disso, me libertar, nem que fosse por alguns momentos... nem te conheço direito, mas não tenho como negar que estou mais aliviada. Estava muito sufocada.

Claraluz: Desculpe-me mais uma vez, Mandel, mas parece que estou te usando...

Mandel: opsssss!!!! Nada disso! De forma alguma vc está me usando. Não sou psicólogo, mas tenho uma atração fatal por certas tendências do pensamento, e como descobriu Jung, existe um fenômeno chamado sincronicidade, que mostra que muitas situações não são coincidências, ao contrário, existem razões para que estas “coincidências” aconteçam. E o universo conspira a nosso favor, pode ter certeza.

Mandel: Não nos encontramos por acaso. Nos encontramos porque precisamos um do outro... o mesmo efeito que nosso encontro causou em vc causou também em mim... eu também vivo esta angústia, percebendo que preciso dar um rumo nas coisas do coração, pois estou insatisfeito com alguns fatos da minha história em construção. Entrei no bate papo sem rumo, sem sentido, olhando todas as possibilidades como inúteis e sem razão de existir...

Mandel: e uma destas inutilidades foi ter entrado na sala de bate-papo. Mas, por encanto, pela força da magia que trás sentido às coisas, surge você!!! A luz que clareou minha alma...!!! Claraluz...!!! A luz é a razão da existência, que nos mostra as ondas do mar acariciando a areia da praia. A luz nos permite enxergar as estrelas e contá-las eternamente. A luz abre as janelas dos olhos, e por estas janelas entram o beija-flor, a cachoeira e o verde das matas. A luz nos faz sentir o sabor da graciosidade das crianças, a sabedoria dos mais velhos e o vigor dos jovens. A luz é sinônimo da sabedoria, da paz, da felicidade e do amor. E esta é a mesma luz, poderosa e sublime, que incide implacavelmente em mim agora, irradiante e clara, Claraluz...

Claraluz: estou levitando... que delícia a poesia em nossas vidas... como é importante!!!

Claraluz: Vc é uma pessoa especial, Mandel. Pelo pouco que te conheci, percebi que és uma pessoa iluminada, inteligente, sensível e muito humana...

Mandel: Fico muito feliz em ouvir de vc estas impressões que está tendo a meu respeito. Pode estar certa de que elas são verdadeiras, modéstia à parte, e jamais vou trair estas impressões que estão construindo o meu formato em sua cabeça e, principalmente, em sua alma. E quero comentar outra coisa. Também adoro meu nome, que foi escolhido pelo meu pai, Gabriel. Mandel sugere Mandela, Nelson Mandela, uma das pessoas mais iluminadas desta nossa humanidade, e que, com seus sonhos, sofrimentos, fé e lutas, reverteu definitivamente a política do apartheid que reinou sobre mais de dois séculos a África do Sul.

(...)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Capítulo I

Olá pessoal.

Esta é a nossa primeira quarta-feira, e, portanto, vou postar um trecho do primeiro capítulo. E como vocês ainda não conhecem a história, vou passar alguns esclarecimentos. Claraluz e o Poeta foi dividido em três partes: A Primeira é marcada pela apresentação dos personagens e suas características. A Segunda é o desenvolvimento da trama, resultado do romance que se estabeleceu entre Claraluz e Mandel, onde os personagens movimentam-se nesta espécie de tabuleiro de xadrez social, e a Terceira é marcada pelos resultados destas ações que desembocará no destino de cada personagem.

Capítulo I
Este capítulo narra a forma como Claraluz e Mandel se conheceram, através de uma sala de bate papo na internet. Claraluz usa o apelido de gata_medica e Mandel usa o apelido de lednam. No capítulo, os apelidos aparecem na frente dos diálogos, reproduzindo o formato de uma destas salas de bate papo que encontramos por ai. Procurei utilizar uma linguagem típica dos internautas nestes meios, inclusive as abreviaturas e expressões como vc (você), rsrsrs e outras que encontramos comumente. Tentei não exagerar nestas expressões para não tornar a leitura cansativa e ininteligível e, assim, mesclei formas de linguagem. Claraluz e Mandel se apaixonam rapidamente, pela força da poesia, elemento de encanto comum dos dois personagens.

Algumas observações:
> Claraluz cita a escritora Agatha Christie na conversa, que usa de características em suas obras que coincidem com vários capítulos do romance Claraluz e o Poeta. Os enigmas e suspenses.
> Partes de poesias, como as que aparecem neste trecho (Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade e Olavo Bilac) fazem parte da personalidade do romance recheado de poesias destes e outros autores.

E então, um trechinho do Capítulo I, e junto com ele, meu abraço caloroso.
Mauro Brandão

(...)

gata_medica: mas me diga, e este nick diferente, lednam, de onde veio?
lednam: olha, pra desvendar este mistério, não precisa nem chamar o detetive Hercules Poirot! – referindo-se ao personagem criado por Agatha Christie em muitas de suas obras – Ta mais fácil do que tirar pirulito da boca de neném.
gata_medica: deixa pensar... me dá 3 segundos...
gata_medica: já sei!!! Mandel é seu nome, certo?????
lednam: assim não vale!!! Mas tudo bem. Vc acertou a origem do nick lednam, e leva um Mandel pra casa, pra dormir no mesmo travesseiro que vc dorme...
gata_medica: mas é muito safado mesmo, gente!!! Como é cara-de-pau!!! kkkkkkkk
lednam: safado não, apaixonado à primeira teclada por uma gata que curou, como um milagre, o meu coração, e acendeu a poesia adormecida que estava triste por não ter um facho de luz para brilhar...
lednam: E para provar, me deixa recitar um pedaço de um poema de Cecília Meireles pra vc?
gata_medica: fique a vontade...
lednam: “Eu canto porque o instante existe...
lednam: e a minha vida está completa...
lednam: não sou alegre nem sou triste...
lednam: sou poeta...”
lednam: sou poeta, e fui curado graças a um anjo providenciou nosso encontro e iluminou novamente a minha alma poética...
gata_medica: gostei...
lednam: então vai outro pedaço, de Carlos Drummond de Andrade:
gata_medica: artilharia de peso... hummmmm...!!!
lednam: “O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar...
lednam: ... O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar...
lednam: ... O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar."
gata_medica: que lindo...!!!
lednam: e só mais um, de Olavo Bilac
gata_medica: pode...
lednam: “Eu vos direi: Amei para entendê-las...
lednam: Pois só quem ama pode ter ouvidos...
lednam: capaz de ouvir...
lednam: e entender as estrelas”
lednam: venha contar estrelas comigo, vamos viver a nossa alma humana, tão sufocada pelo teatro do absurdo que nos bate a porta dia-a-dia...
gata_medica: gostei muito... muito... Seu doido!!!
gata_medica: vc é um poeta com um senhor bico doce... quantas namoradas já arranjou pela internet? É difícil não se deixar levar por estas poesias maravilhosas... vc deve ter uma coleção...
lednam: que nada!!! – mudando o tom da conversa – Não costumo entrar nestas salas de bate-papo. Estava entediado e sem saber o que fazer. Entrei e sai em várias salas, e só insisti com vc por 2 motivos. Pq me atraí por este nick, gata_medica, e pq a minha intuição falou muito alto, e me disse que vc é uma mulher especial. Nunca recitei poesia para ninguém nestas salas de bate-papo.
gata_medica: eu tb não tenho costume. Nas poucas vezes que entrei, só fiquei observando como as pessoas se comunicavam por aqui, mas é a primeira vez que falo com alguém numa sala de bate papo. É impressionante como as cantadas dos homens são tão vazias e sem criatividade... vc, pelo menos, usou argumentos mais inteligentes e com muita poesia. Custei a lhe responder, mas fiquei observando a forma que me abordava. Percebi que vc pelo menos não se comportava como a maioria e resolvi responder. E gostei de ver outra coisa que foi quando citou o detetive Poirot. Me lembrei das histórias da Agatha Christie, que eu adorava ler quando tinha meus 16 anos.

(...)

domingo, 3 de julho de 2011

A história de Claraluz e o Poeta em sinopse

Olá pessoal.

A partir desta semana, nas quartas-feiras, serão publicados trechos e notícias sobre Claraluz e o Poeta. E de vez em quando, extraordinariamente, em datas diferentes, conforme as coisas forem acontecendo. Segue abaixo o Prólogo do romance editado pela turma da 4eUm. Um presente a todos que estão doidos pra ler, e não sai nunca. E talvez, na semana que vem, novidades maravilhosas. Talvez até já podendo falar da grande editora nacional que lançará Claraluz e o Poeta.

Bom domingo a todos e abraços.
Mauro
  Prólogo Claraluz e o Poeta
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