quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Capítulo V - O Contemporâneo Mundo das Drogas

A sociedade moderna convive com uma nova cultura. A cultura do consumo das drogas. Muitas são as substâncias que alteram o estado psíquico das pessoas, e muitas são as que estão disponíveis, ofertadas abundantemente no mercado. Todas elas, para provocar alterações psíquicas, possuem um princípio ativo, uma combinação de elementos químicos, e estes elementos químicos, em sua maioria, provocam dependência orgânica, além de outros efeitos colaterais. Uma pergunta está intrigando a mente das pessoas. Por que, mesmo sabendo dos efeitos, orgânicos e sociais, nocivos das drogas, existe uma multidão de consumidores destas? Não é propósito, até porque seria por demais presunçoso responder a esta pergunta, batendo o martelo. Mas algumas luzes poderão ser lançadas neste debate.

As drogas fazem parte de um grande universo, que é o mercado. Lugar máximo das interações econômicas do paradigma social predominante: o capitalismo. E neste mercado, onde os agentes produtores de bens de consumo procuram maximizar o valor do bem ofertado, criou-se fetiches da mercadoria, onde todas elas adquirem superpoderes, prometendo a tão sonhada felicidade para quem a adquirir. "Compre coca-cola e serás feliz". "Compre tênis Nike e você adquirirá superpoderes". A sociedade utilitarista criou monstros psíquico-sociais perniciosos: a ilusão da felicidade nas mercadorias, o hedonismo, a pressa e a ansiedade.

E a abordagem do mundo das drogas está presente em Claraluz e o Poeta, através de, inicialmente, do personagem José, usuário de crack, que a despeito do tratamento com a psicóloga Esther e de tratamentos com remédios psiquiátricos, resiste, e se mantém consumidor desta substância. Por que é tão difícil o tratamento? Porque o mundo favorece ao consumo de drogas. As drogas são subprodutos desta mesma sociedade ilusória. São vendidas prometendo o hedonismo, a busca do prazer fácil e imediato, da mesma forma que são ofertados os produtos estampados nos outdoors, nas propagandas da TV ou no anúncio do carro de som.

Qualquer olhar moralista sobre as drogas é tão ilusório e inútil quanto à promessa que são feitas sobre os produtos lançados ao mercado. Buscam-se solução para eliminar o consumo de drogas em massa. Já gastaram bilhões de reais, dólares, libras e outras moedas. Todos estes papéis-moeda foram incinerados no forno do desperdício, torrados inutilmente, pois a sociedade continua produzindo bilhões de toneladas de lixo em nome de uma felicidade que jamais será alcançada desta forma. As drogas somente são mais um lixo, dentre muitos lixos produzidos por esta sociedade. Uma mudança na cultura do consumo de drogas só virá com uma mudança de todos os paradigmas sociais vigentes.

Mauro Brandão

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